Beijo na boca é coisa do passado

É engraçado como o mundo é bobo. Colocou fórmulas e obrigações na hora de amar. Um tempo desses descobri, com outros amigos, que um amigo aí não beija a namorada, eles decidiram oficializar com esse gesto já em cima do altar. Eu vi como é belo ter pureza e como era bonita a decisão, meus outros amigos, pelo contrário, acharam tudo muito sem noção.

"Quem que namora sem beijar? Como saber que ama sem beijar?"

Bom, admito que no primeiro instante também me surpreendi, isso é tão incomum, ainda mais entre jovens. Mas logo em seguida me ocorreu que: Por que trocar bactérias na saliva com um outro ser humano é algo dito como obrigatório para amar realmente alguém? Existem os desejos e as necessidades físicas, claro, mas porque elas se sobressaem à importância da conversa, do toque, da empatia, do carinho das mãos, das risadas, das conversas mais profundas e a compreensão de dois universos diferentes que decidiram se tornar um?

O beijo é algo comum e sempre deve ser bom, mas porque padronizar como algo que se deve ser feito, como quase obrigatório, sem parecer envolver mais sentimentos do que apenas desejos da carne? Onde a carne grita, o espírito não tem voz. E como estar num relacionamento em que apenas a carne berra, sem ouvir seu espírito, seu coração, sem ouvir de verdade o outro, cheio de segundas intenções, sem envolver outros tipos de sentimentos e sensações mas apenas o cara-a-cara de personalidades, histórias, trejeitos, manias e sonhos?

Em todos os anos que vivi, observando ao meu redor, sempre tive exemplos de amizades felizes e duradouras que permaneceram mais que namoros, mas por que? Um(a) namorado(a) não devia ser como um(a) grande amigo(a)? Mas as pessoas insistem, sem conhecer o profundo, sem ter um relacionamento de amizade, respeito e amor totalmente singelo, elas mergulham em uma mistura de simpatia e desejos que, na maioria das vezes se desgasta e se desfaz bem depressa.

Não julgo o beijo antes, muito menos o depois, mas por que agir como se algo tão saudável e bonito fosse uma aberração? Talvez essa seja a melhor solução de fazer as coisas funcionarem, mas de qualquer forma, o amor não tem um formato padrão pra seguir, certo?

Autora: Gabriela Amorim